Conflito pelo uso da terra e proteção à natureza no Espírito Santo: o caso da Estação Biológica de Santa Lúcia
DOI:
https://doi.org/10.70525/2024.3Palavras-chave:
Governo Élcio Álvares, História agrária, Museu Nacional do Rio de Janeiro, O Caso Ruschi, Reserva Biológica de Comboios, Sociedade dos Amigos do Museu NacionalResumo
Neste artigo analisamos o histórico de constituição territorial da Estação
Biológica de Santa Lúcia (EBSL), área de proteção natural localizada no
município de Santa Teresa, Espírito Santo. Trata-se de um processo marcado pela disputa de 156 hectares de florestas entre o Museu Nacional do Rio de Janeiro e a Sociedade dos Amigos do Museu Nacional, representados pelo naturalista Augusto Ruschi, e o Estado do Espírito Santo, cujo ponto alto ocorreu no ano de 1977, com o chamado “caso Ruschi”. O pano de fundo é o período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e os conflitos entre agentes econômicos, políticos e conservacionistas pelo uso da terra na Mata Atlântica capixaba. Grande parte da lacuna historiográfica que paira sobre o referido caso deve-se à indisponibilidade ou desconhecimento de fontes primárias que registraram a contenda. Cruzando dezenas de documentos encontrados no Arquivo Augusto Ruschi (AAR) com fontes produzidas ou mantidas pelo antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), pudemos concluir que o conflito pela titularidade da EBSL esteve inserido em um contexto maior de disputa regional pelo acesso e uso de remanescentes florestais e seus recursos naturais, marcado por uma conjuntura política autoritária e pela lógica
de crescimento econômico acelerado.

