Mudanças no uso e ocupação da terra na Bacia Hidrográfica do Rio Doce: desafios para conservação e restauração
DOI:
https://doi.org/10.70525/2025.31Palavras-chave:
Unidades de Planejamento Hídrico, Sensoriamento remoto, Barragens, Sucessão, Mineração, Licenciamento AmbientalResumo
A Bacia Hidrográfica do Rio Doce (BHRD) abrange os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A BHRD está inserida em um dos principais hotspots globais de biodiversidade e representa um caso emblemático dos efeitos cumulativos da expansão humana sobre áreas naturais, incluindo desastres como o rompimento de barragens de rejeitos de minério. Este estudo analisou as mudanças no uso e cobertura da terra entre 1985 e 2020, integrando dados do projeto MapBiomas e informações de licenciamento da Agência Nacional de Mineração. As análises por Unidades de Planejamento Hídrico (UPHs) revelaram perda superior a 50% da vegetação nativa original e predominância de pastagens, que ainda ocupam mais de 40% da bacia, mas vêm sendo substituídas por agricultura e silvicultura. Apesar da redução do desmatamento da vegetação primária, a intensificação da supressão de formações secundárias indica simplificação ecológica e interrupção dos processos de regeneração natural. Paralelamente, observou-se a expansão consolidada e iminente da mineração, ampliando a fragmentação de habitats, a perda de conectividade ecológica e os riscos à segurança hídrica. Por isso, as áreas de maior remanescentes naturais, como o Alto Rio Doce, destacam-se como áreas prioritárias para conservação, enquanto as com maior área de pastagens requerem restauração produtiva com práticas agroecológicas. Em conjunto, esses resultados reforçam a urgência de fortalecer a governança territorial, o monitoramento contínuo e a implementação de políticas integradas de uso do solo, conciliando conservação, produção e restauração ecológica para a gestão sustentável da BHRD.

